
A série documental da Netflix sobre Arnold Schwarzenegger traz à tona momentos marcantes da trajetória do astro, que vai muito além dos músculos e das telas de cinema. Em três episódios, o público é levado a conhecer um lado mais íntimo do fisiculturista, ator, empresário e ex-governador da Califórnia. A produção explora desde sua infância turbulenta até escândalos que abalaram sua imagem pública.
Infância difícil e laços familiares quebrados
No episódio de abertura, Schwarzenegger compartilha memórias da sua juventude na Áustria e da relação conturbada com a família. Ele relata ter crescido em um ambiente rígido e por vezes violento. O pai, Gustav, é descrito como alguém com comportamentos instáveis, alternando entre gentileza e agressividade, principalmente quando bebia. Esse ambiente doméstico afetou profundamente sua convivência com o irmão, Meinhard, e deixou marcas que o acompanhariam ao longo da vida.
Esteroides e os bastidores do fisiculturismo
A trajetória de Arnold no fisiculturismo é repleta de disciplina, mas também marcada por polêmicas. Na série, ele admite ter utilizado esteroides durante sua carreira, algo comum entre atletas de alto nível da época. Apesar disso, o astro garante que apenas uma pequena parte do seu ganho muscular se deveu ao uso dessas substâncias. “Talvez cinco por cento”, destaca. Ele também afirma que todo o processo foi feito com acompanhamento médico, tentando afastar a ideia de uso irresponsável.
Rivalidade com Sylvester Stallone nos anos 80
Durante os anos 1980, Schwarzenegger se consolidou como um dos maiores nomes dos filmes de ação, com sucessos como O Exterminador do Futuro e Comando para Matar. Nesse período, surgiu uma rivalidade notória com Sylvester Stallone. Os dois competiam pelo topo de Hollywood, sempre tentando superar o outro em bilheteria e impacto. Arnold reconhece que a rivalidade serviu como combustível para o sucesso: “Eu sempre preciso de um inimigo”, diz, com humor, ao relembrar a disputa.
Acusações de importunação sexual nas eleições de 2003
A carreira política de Schwarzenegger foi abalada por denúncias de importunação sexual. Durante a campanha para governador da Califórnia, em 2003, reportagens revelaram relatos de mulheres que o acusavam de comportamento inapropriado. Na época, o então candidato minimizou as acusações, admitindo apenas que havia se comportado mal em algumas ocasiões. A série aborda o episódio sem omitir as consequências para sua imagem pública.
Filho fora do casamento e crise familiar
Outro ponto delicado explorado no documentário é o caso extraconjugal com a empregada da família, Mildred Patricia Baena, que resultou no nascimento de Joseph Baena, em 1997. A verdade veio à tona anos depois, durante uma sessão de terapia de casal com Maria Shriver, sua então esposa. “Sim, Maria. Joseph é meu filho”, recorda Arnold, descrevendo o momento da revelação que levou ao fim do casamento de 25 anos.
O ator afirma que, inicialmente, não tinha certeza sobre a paternidade, mas as semelhanças físicas com o menino se tornaram cada vez mais evidentes. Com o tempo, assumiu a relação e passou a conviver de forma próxima com Joseph. “Ele se tornou um homem incrível. Tenho muito orgulho dele”, declara.
Reflexões e redenção
Apesar dos erros cometidos, Schwarzenegger mostra-se arrependido e consciente das dores que causou à família. “Foi errado o que eu fiz, mas não quero que Joseph se sinta rejeitado. Ele é muito amado e bem-vindo neste mundo”, afirma. O documentário revela não apenas as conquistas e polêmicas do astro, mas também sua capacidade de reconhecer falhas e buscar reconciliação com o passado.
A produção da Netflix humaniza a figura pública de Arnold Schwarzenegger, oferecendo ao público um retrato multifacetado de alguém que enfrentou desafios em diversas áreas da vida — e que, mesmo sob os holofotes, continua a construir sua história.