A mais nova colaboração entre o diretor Paul Thomas Anderson e o astro Leonardo DiCaprio não apenas está conquistando a crítica, mas também provando ser um sucesso de bilheteria, destacando uma faceta do ator que o público adora: seu inesperado talento para a comédia.
Uma Comédia Inesperada em um Drama Político
“Uma Batalha Após a Outra”, nova obra de Paul Thomas Anderson, é vagamente adaptado do romance “Vineland”, de Thomas Pynchon. O filme mistura um fervor político intenso com a história de um pai que percebe que não é mais tão jovem. A trama acompanha Bob Ferguson (DiCaprio), um ex-especialista em munições de um grupo revolucionário, que agora se dedica a criar um mundo melhor para sua filha, Willa (em uma performance estelar de Chase Infiniti).
Embora o filme seja um drama denso e passional, ele abre espaço para uma das atuações mais engraçadas de DiCaprio. O ator não é conhecido primariamente por seus papéis cômicos, mas quando explora essa veia, os resultados são memoráveis, como visto em “O Lobo de Wall Street” e “Era Uma Vez em… Hollywood”. Em “Uma Batalha Após a Outra”, ele aperfeiçoa a arte de interpretar personagens que revelam suas frustrações de maneira hilária. Um exemplo sutil é a cena da reunião de pais e mestres, na qual Bob deixa a professora visivelmente desconfortável ao apontar os presidentes dos EUA donos de escravos retratados nos quadros da parede da sala.
No entanto, o ponto alto do humor no filme é uma piada recorrente que mostra DiCaprio fazendo o que faz de melhor: surtar ao telefone. Após sua casa ser invadida, Bob usa um telefone público para ligar para a linha direta de seu antigo grupo revolucionário. Um camarada do outro lado da linha faz uma série de perguntas secretas. Bob acerta as primeiras, mas congela ao ser questionado: “que horas são?”. Sua dificuldade em lembrar a senha se torna cada vez mais engraçada a cada súplica para que o operador ignore essa pergunta, o que só faz com que ela seja repetida. A piada continua mais tarde, quando ele finalmente consegue ligar de um celular e é confrontado com a mesma pergunta, levando seu personagem a um colapso cômico e desesperado.
Conquistando as Bilheterias
O sucesso de crítica, com uma aprovação de 96% no Rotten Tomatoes, refletiu-se nos números do fim de semana de estreia. “Uma Batalha Após a Outra” arrecadou $22,4 milhões nos Estados Unidos e $48,5 milhões globalmente. Para um filme de Paul Thomas Anderson com mais de 160 minutos de duração, esses números são impressionantes. Para efeito de comparação, o maior sucesso de bilheteria do diretor até hoje, “Sangue Negro” (2007), arrecadou $40,2 milhões durante todo o seu período em cartaz.
O poder de atração de Leonardo DiCaprio é inegável. Ele é um dos últimos verdadeiros astros de cinema, com dez filmes em seu currículo que ultrapassaram a marca de $100 milhões. A aposta da Warner Bros., com um orçamento relatado entre $130 milhões e $175 milhões, parece estar se pagando, posicionando o filme como um forte candidato ao Oscar de Melhor Filme.
Recordes da Warner Bros. e a Reação do Público
Embora a Warner Bros. tenha visto sua sequência de sete filmes consecutivos estreando com mais de $40 milhões ser quebrada, o estúdio iniciou uma nova sequência notável: oito lançamentos seguidos com arrecadação superior a $20 milhões na estreia. Este é um feito raro na indústria, colocando a Warner em um seleto grupo de estúdios que alcançaram marcas semelhantes no passado.
A reação do público tem sido excepcionalmente positiva. O filme recebeu uma nota “A” no CinemaScore, um indicador importante do boca a boca. Isso é particularmente notável, considerando que os filmes anteriores de PTA receberam notas muito mais baixas (como “C” para “Boogie Nights” e “D+” para “Embriagado de Amor”). A nota “A” sugere que o filme tem um apelo amplo e pode ter uma longa e bem-sucedida carreira nos cinemas, impulsionado pela recomendação do público. Com essa combinação de aclamação da crítica, poder de estrela e forte recepção do público, “Uma Batalha Após a Outra” se firma como um dos eventos cinematográficos do ano.
